terça-feira, 7 de abril de 2020

Agricultura em Família, Saberes Tradicionais

O amanho da terra, a preparação para o cultivo...as sementeiras, as colheitas...foram actividades familiares que me acompanharam ao longo da  infância, da adolescência .



O cultivo de alimentos na forma artesanal,
utilizando maioritariamente fertilizantes orgânicos, cinza. estrume, produzido pelos animais domésticos, faz destes, fonte de saúde e longevidade.


Alimentos frescos, nutritivos, transbordando de aroma e sabor, sem concentração de produtos químicos, com baixo custo, são sem duvida uma mais valia.







Neste regresso, pouco a pouco fui recuperando , um ou outro olival...hortas que outrora se ostentavam viçosas, hoje invadidas por todas as espécies de erva daninhas.







Pacientemente, podando, cultivando, assistindo à recuperação das árvores, ao crescimento das plantas, descobrindo passo a passo, o prazer de cuidar da terra...do contacto com a Natureza.









Hoje, é neste contacto com a natureza, que me reencontro, que encontro equilíbrio, em que o bem estar físico e espiritual , surgem como acréscimo.





.O cheiro a meio da tarde, da terra molhada pela chuva acabada de cair...
o chilrear da passarada...o verdejante da paisagem salpicada pelo colorido da Primavera,
a frescura do fio de água  que sem pressa sai da nascente que brota à superfície e se espreguiça no pequeno lago, transparente, escondido na mancha   verdejante das ervas que reclamam para si este pequeno oásis, onde, aqui e ali, os javalis vão deixando sinais da sua presença, escondendo um, outro, melro alvoraçado levantando voo apressadamente, desaparecendo na copa das oliveiras, nos silveirais, nos salgueiros que adornam o ribeiro.


Um mundo de mil aromas...
onde encontramos o pulsar da essência da vida.



Este blogue, foi a forma que encontrei de partilhar essa vivência.
Um saber que não é passado nem presente, mas que se alonga no futuro.

O saber dos que se “meteram terra à dentro”, e aí encontraram sustento.
Uma herança de pais, avós, resgatada ao quase esquecimento.
É também o despertar para uma outra forma de vida...a vida natural, ainda com registo em cada um de nós.


Um dia virá, em que o ser humano cortará definitivamente o cordão umbilical que o une às suas origens, adquirindo outra dimensão.


Até lá, há quase sempre uma pequena horta...um olival, esquecido algures - lá na terra- onde nos podemos reencontrar.